Mesmo tendo ascendido em cargos de liderança e conquistado mais direitos na sociedade civil, as mulheres ainda têm outro desafio a enfrentar: maior participação na política. O Brasil tem 5.568 municípios e, de acordo com dados mais recentes, 948 deles não terão nenhuma mulher representando a população local entre 2021 e 2024.
Apesar da participação das mulheres na Câmara dos Deputados ter crescido 50% nas eleições de 2018, a presença ativa das mulheres na política ainda representa pouco equilíbrio entre gêneros. Celebrado no dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher nos lembra que ainda há um longo caminho a ser percorrido.
Segundo um estudo feito pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e pela ONU Mulheres, o Brasil registra os mais baixos índices de representatividade feminina e de paridade política entre os sexos na comparação com os seus vizinhos da América Latina. Foram avaliados 11 países latino-americanos e o Brasil ficou na 9.ª posição entre 11 países latino-americanos avaliados.
Falta de representação
Além dos percalços enfrentados no dia-a-dia como a tripla jornada de trabalho, violência e baixos salários, as mulheres que se candidatam à política ainda precisam enfrentar outro caminho de preconceitos: eleitores desconfiados ou até mesmo colegas de trabalho que subestimam a participação feminina nos espaços de decisão.
Essas características ressaltam a importância da atuação dos próprios governantes em prol de uma campanha mais participativa das mulheres e de maior conscientização dos próprios eleitores e partidos sobre o impacto positivo dessa representação na política. Vale ressaltar que as mulheres representam 52% dos eleitores totais no país.
Aliás, já foi comprovado que as mulheres são imperativas para as comunidades em que atuam, especialmente para outras mulheres e adolescentes. E falamos mais sobre isso num post aqui do blog. Você pode conferir na íntegra clicando aqui.
Então, como aumentar a participação das mulheres no cenário político?
Atualmente há uma cota para aumentar a presença de candidatas. Um desses exemplos é a cota de 30% de mulheres que partidos precisam cumprir na hora de lançar candidaturas para deputados ou vereadores. Porém, a fragilidade desta lei se prova nas fraudes cometidas em anos anteriores, onde alguns partidos utilizaram “candidatas laranja” para cumprir a cota.
Além disso, desde 2018, os partidos também precisam destinar 30% do valor que recebem do fundo eleitoral às candidatas. Mas, como os números mostram, isso não tem sido suficiente para eleger mulheres.
Nos meses que se seguirão deve ser imprescindível estar atento aos passos dos políticos que foram eleitos e como eles estão governando também nessa área. Antes das próximas eleições, é necessário cobrar posicionamentos de quem já está eleito.
O quanto o mandato de quem você elegeu traz voz para as mulheres? Cobrar maior comprometimento de quem já está no poder precisa ser tarefa de todos. A falta de representação reflete diretamente na ausência de políticas públicas voltadas para as mulheres. Por isso, os políticos que já cumprem mandato devem lembrar que também governam para mulheres e precisam estimular maior presença de políticas voltadas para esse público.
Nas próximas eleições, é necessário votar e estimular maior presença feminina dentro dos poderes executivos, legislativos e judiciários. Lembre-se: mulheres em cargos de poder servem de exemplo para as jovens que crescem sabendo que também poderão ter uma oportunidade, sem que os espaços políticos sejam, majoritariamente, masculinos.